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Entre Ondas e Trilhos: Explorando São Tomé e Príncipe

Atualizado: 8 de mar.

No dia de São Valentim, a SwimTogether embarcou numa jornada apaixonante sem precedentes: o primeiro Swim Camp realizado em São Tomé e Príncipe. Ao longo destes dias, os nadadores viveram uma experiência que ultrapassa os limites do desporto, fundindo a paixão pela natação ao ar livre com a descoberta de uma cultura vibrante e de uma natureza autêntica e surpreendente.


São Tomé e Príncipe

Dia 1 – Uma Chegada que Transforma

 

A saída de Lisboa ficou marcada por uma manhã de nevoeiro que aumentou ainda mais a ansiedade pelo início da jornada. Dentro do avião, enquanto se aguardava a permissão para descolar, o grupo foi-se conhecendo, partilhando experiências, histórias e ligações que os iria acompanhar por toda a viagem.

 

Ao pisar o destino, ficou claro que São Tomé e Príncipe é um mundo à parte. Recebidos com uma dança tradicional, este arquipélago revela uma riqueza cultural e natural que encanta à primeira vista. Os habitantes locais, com a sua simpatia e costumes enraizados, abriram portas e corações, convidando todos a descobrir os segredos de uma terra pouco explorada. As águas, de uma pureza e temperatura únicas, contrastavam com paisagens de floresta verde e praias de areia fina, criando um cenário que, simplesmente, hipnotizava.


Grupo a caminho do avião

 Dia 2 – Caminhar, Nadar e Viver o Sonho

 

Conhecida pela terra do “leve-leve”, aqui o tempo abranda, não há preocupações e a natureza é generosa, oferecendo aos seus habitantes abundância de vida e sabor. Foi com este sentimento que, ao raiar do sol, o grupo de nadadores partiu de São Tomé em direção à ilha do Príncipe.

 

Recebidos por Wuilber, o guia do grupo, num jipe de safari, seguiram rumo ao ponto de partida da caminhada, onde a verdadeira aventura começou. Entre as densas florestas do Parque Natural do Príncipe, cada passo foi acompanhado pelo canto das aves tropicais e pelo sussurro do vento entre as árvores centenárias. O destino? A deslumbrante “Cascata O Qué Pipi”. Ao chegarem, não resistiram a um mergulho nas águas frescas da cascata, um momento de pura conexão com a natureza antes de continuarem a jornada.

 

Seguiram em direção à paradisíaca Praia Bom Bom, onde os aguardava um banquete inesquecível. Frutas tropicais doces, peixe acabado de pescar e vegetais viçosos compunham a refeição perfeita para reabastecer as energias, celebrando não só o percurso feito, mas também a riqueza e generosidade da ilha.

 

Para encerrar este dia inesquecível da melhor forma, o grupo mergulhou finalmente nas águas cristalinas do Atlântico. Com uma temperatura a rondar os 30 graus e o pôr do sol a pintar o horizonte em tons dourados, este foi o cenário perfeito para a natação de aclimatização, antes do regresso ao hotel.



Dia 3 – O Oásis do Atlântico

 

O terceiro dia começou com o pequeno almoço no Hotel Roça Sundy. Ocupando dois edifícios históricos cuidadosamente restaurados, outrora usados numa das maiores plantações de cacau do arquipélago. No início do século XX, São Tomé e Príncipe era líder mundial na produção de cacau, sustentada por trabalho forçado. Após a independência em 1975, a produção diminuiu significativamente, e hoje as antigas roças são centrais na vida comunitária local.

 

Atualmente, os visitantes da Roça Sundy podem mergulhar na rica história da ilha, apreciando a arquitetura colonial, aprendendo sobre o passado agrícola da região e participando em iniciativas que promovem a conservação ambiental.

 

Após um pequeno almoço que alimenta tanto a alma quanto a mente, o grupo embarcou numa viagem de barco ao longo da costa escarpada com falésias, em tons de cinza, cobertas por palmeiras curiosas, desembarcando na Baía das Agulhas, o local escolhido para o percurso de nado do dia.

 

A tarde foi reservada para visitar o “Miradouro O Quê Daniel” e descansar. Presenteados por mais um banquete, o grupo pode aproveitar os últimos raios de um pôr-do-sol alaranjado, antes de se prepararem para mais um dia de aventura.


os nossos nadadores com o staff

 

Dia 4 – Explorar a Costa Nordeste da Ilha do Príncipe

 

Com o nascer do dia, e após o pequeno almoço, o grupo dirigiu-se para a costa nordeste da ilha para nadar nas praias mais belas da região: Praia Boi, Praia Macaco e Praia Banana.

 

A água transparente que banha estas baías, rodeadas por um cenário digno de um quadro, onde gigantescas palmeiras se debruçam sob o mar, é o habitat de serenas tartarugas que, curiosas, se aproximaram para saudar os nossos nadadores com a sua presença.

 

Para melhorar a natação nestas praias paradisíacas, os nadadores tiveram sempre disponível lanche a bordo, composto por variadas frutas tropicais, amendoins torrados, bolos, águas frescas, sumos naturais de fruta e claro, a fruta pão, uma fruta típica famosa pelo seu sabor a pão quando cozida.

 

Após o almoço, com uma vista privilegiada sob a areia dourada banhada pela água cristalina da Praia Bom Bom, o grupo embarcou num curto voo de 30 minutos em direção a São Tomé, chegando ainda a tempo de um mergulho na piscina do Hotel Omali.



Dia 5 – Partida para Sul: Descoberta da Praia Inhame

 

Ao raiar do sol, o grupo iniciou a grande viagem em direção ao sul. Ao longo de 3 horas, entre alguns solavancos pela terra batida e comentários divertidos entre os nadadores, finalmente chegaram ao Hotel Praia Inhame.

 

Pelo caminho, pararam nos Miradouros “Boca do Inferno” e “Pico do Cão Grande” para absorver a paisagem de tirar o fôlego que São Tomé oferece.

 

Este dia ficou marcado com o primeiro verdadeiro contacto com a realidade local, em Porto Alegre, onde foram convidados a almoçar com uma habitante, a Susana, que tão bem exemplificou a amabilidade deste povo.

 

Ao chegar à Praia Inhame, o mar apresentava-se revolto, mas nada conseguia parar este grupo e, desejosos por descontrair da longa viagem, mergulharam nas águas quentes para uma curta natação.

 

Ao pôr-do-sol foi um vivido momento transformador: a libertação de 148 tartarugas bebés. Comovidos por esta experiência, o grupo não resistiu a entrar, novamente, dentro de água para proteger estas pequenas vidas de grandes falcões que aguardavam o momento perfeito para atacar.


 

Dia 6 – Visita ao Ilhéu das Rolas

 

Um novo dia, uma nova aventura!

 

Depois de um dia repleto de emoções e de coração cheio, o grupo seguiu de barco em direção à Praia Vanha, na costa sudoeste da ilha, para enfrentar um percurso ainda mais desafiante, onde a natureza decidiu mostrar a sua força. Como recompensa, os nadadores foram surpreendidos por um cenário icónico e inesperado: durante o momento de abastecimento, avistaram uma árvore que à distância parecia negra, mas que, com um olhar mais atento, revelou dezenas e dezenas de morcegos pendurados de cabeça para baixo a voar em círculo - um cenário digno de um episódio do BBC Vida Selvagem!

 

Seguiu-se o almoço no Hotel Praia Inhame com vista mar, o momento de recuperar forças antes de embarcar novamente, agora em direção ao Ilhéu das Rolas, para visitar o famoso Marco do Equador, monumento que marca o ponto onde a linha do Equador atravessa a Terra, simbolizando a divisão do planeta em dois hemisférios: o hemisfério norte e o hemisfério sul (0° N / 0° S e longitude 0°). Aqui, foi realizado o briefing que preparou os nadadores para enfrentarem o maior desafio da viagem: a Travessia do Equador.

 

Já de noite, recolhidos nos seus quartos prestes a descansar, foram alertados por uma das guias do nosso grupo conhecida como Zuga, de uma tartaruga mãe que se encontrava a desovar na praia. Não perdendo a oportunidade de reviver este momento inspirador, o grupo dirigiu-se à praia para terminar o dia da melhor forma possível.


 

Dia 7 – A Conquista: Travessia do Equador

 

Os primeiros raios do sol surgem e com eles, a vontade de superação pessoal.

 

Na manhã do sétimo dia de viagem iniciou-se o percurso icónico: a travessia do Equador. Durante cerca de 3km o grupo desafiou-se e conquistou esta travessia.


O espírito de camaradagem fez acalmar o nervosismo que pairava no ar de realizar algo que poucos tiveram a oportunidade de fazer, com aplausos emotivos à chegada de cada nadador. Desta vez, a natureza foi generosa, oferecendo boas condições para a realização desta natação icónica. E, como se soubessem da importância do momento, as tartarugas vieram em peso. Grandes e pequenas, todas se juntaram, tornando este dia o verdadeiro ponto alto da experiência!

 

O tempo mais rápido foi de 44 minutos e o mais longo, de 1h02 – marca conquistada pelo nosso nadador de 68 anos, um verdadeiro exemplo de determinação.

 

À tarde, o grupo abraçou o lema de São Tomé e Príncipe, entregando-se ao espírito "leve-leve", num merecido momento de descanso e reflexão.

 

Durante o último jantar juntos, ouve espaço para gargalhadas, histórias e, claro, muita emoção. Entre palavras calorosas dos nossos swim guides e a entrega dos certificados de viagem, celebrou-se uma semana inesquecível!



 Dia 8 – O regresso

 

O último amanhecer em São Tomé trouxe consigo chuva, como se a ilha se despedisse. Enquanto se preparavam para o mergulho final, alguns tiveram o privilégio de testemunhar um momento especial: a libertação de 100 tartarugas bebés.

 

Com a última natação realizada, chegou a hora de rumar ao norte. O trajeto foi longo – 70 km percorridos em cerca de três horas – mas com uma paragem refrescante numa cascata.

 

Após a chegada à Roça Agostinho Neto, o grupo cumpriu uma entrega especial: material escolar que tinham trazido dos seus países. Um presente carregado de agradecimento e significado.

 

O almoço marcou a reta final da viagem, mas ainda com tempo para uma visita à loja de chocolate Diogo Vaz, onde os sabores intensos do cacau de São Tomé deixaram a sua marca na memória (e na bagagem) de muitos.

 

Com as malas um pouco mais pesadas, chegou a hora do regresso. O avião aterrou em Lisboa, trazendo consigo um grupo unido por dias de aventura, desafios superados e memórias inesquecíveis. A saudade já se fazia sentir – afinal, como não sentir falta de um lugar onde o tempo parece fluir de forma diferente?

 

São Tomé e Príncipe ficou para trás, mas a experiência vivida permanecerá para sempre.


 

Memórias que Ficam – Entrevista a Mónica Brenninkmeijer

 

À medida que esta odisseia termina, é impossível não refletir sobre as memórias e os laços criados. Cada mergulho, cada caminhada, cada sorriso e cada descoberta deixou uma marca profunda, marca essa que pode ser sentida no testemunho deixado pela nadadora Mónica, natural do Chipre.


Entrevista:

E: Podes falar-nos um pouco sobre ti e o que te motivou a participar neste Swim Camp em São Tomé e Príncipe?

M: Comecei a nadar em águas abertas há um ano e queria viver uma experiência diferente, desafiar-me. Quando ouvi falar desta viagem, pareceu-me a escolha certa – algo completamente novo e uma grande aventura.

 

E: Sendo esta a tua primeira viagem de natação em águas abertas, como descreverias a tua experiência até agora?

M: Foi uma experiência incrível, uma aventura que nunca vou esquecer.

 

E: Que emoções sentiste ao longo desta jornada, desde a antecipação antes da viagem até às tuas experiências na água e durante a estadia?

M: Estava entusiasmada e nervosa ao mesmo tempo com esta viagem, não conhecia a equipa nem a ilha. Mas, assim que chegámos, tudo correu de forma muito tranquila. A viagem estava tão bem organizada, e nadar com pessoas tão inspiradoras foi maravilhoso. A equipa da SwimTogether planeou tudo ao detalhe para que tivéssemos a melhor experiência possível.

 

E: Podes partilhar as tuas impressões sobre a experiência de participar na libertação das tartarugas? Como te sentiste?

M: Libertar as tartarugas foi um dos momentos altos desta viagem. Foi tão bonito poder viver este instante e fazer parte dele… Uma experiência única, e sinto-me muito grata por ter testemunhado e participado neste momento tão especial.

 

E: Como comparas nadar nestas águas quentes com as tuas experiências anteriores?

M: Nadar em águas quentes foi uma experiência incrível – adorei!

 

E: Quais são as tuas impressões sobre a cultura local e de que forma te conectaste com a comunidade durante a tua estadia?

M: Ter a oportunidade de conhecer e aprender com outras culturas é uma das principais razões pelas quais gosto de viajar. Por vezes, foi uma experiência intensa, mas também nos faz valorizar ainda mais aquilo que já temos.

 

E: Considerando que conhecias poucas pessoas antes de te juntares a este grupo, de que forma a convivência com um grupo tão diverso de nadadores te impactou?

M: Estou muito grata pela equipa que tive comigo nesta primeira experiência. Cada um inspirou-me de forma diferente (colocar no singular), e o apoio deles ao longo da viagem significou imenso para mim.


E: Qual foi o momento mais memorável do Swim Camp?

M: É difícil escolher apenas um momento, porque houve muitos momentos incríveis… Mas quando entrámos todos na água para libertar as tartarugas bebés, foi tão emocionante que me vieram lágrimas aos olhos. Um momento lindíssimo!

 

E: De que forma sentes que esta experiência está a contribuir para o teu crescimento, tanto como nadadora como a nível pessoal?

M: Como nadadora, sinto-me mais confiante depois de ter conseguido nadar vários dias seguidos e completar cada desafio. A nível pessoal, percebi o quão forte consigo ser.

 

E: Por fim, recomendarias este Swim Camp e a SwimTogether a outros nadadores? Se sim, quais dirias que são os principais benefícios?

M: Recomendo esta viagem com a SwimTogether a 100%! A organização foi impecável, a simpatia e energia do André e da sua equipa foram incríveis, e toda a aventura foi absolutamente memorável. Vou estar sempre grata por ter dito "sim" a esta experiência!


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